Mesmo com chuva, as mulheres atendidas pela 3ª Vara de Violência Doméstica da Comarca de Salvador participaram de um almoço oferecido pela unidade, em parceria com o curso de Gastronomia da Universidade Católica de Salvador (Ucsal). O objetivo do evento foi contribuir para que as mulheres, em situação de violência doméstica e familiar, busquem alternativas de vida e tenham o sentimento de acolhimento, pois retratam o isolamento social como desafio para sair da situação de violência.
“Foi uma manhã em que comemoramos a solidariedade, a sororidade, a amizade, e que ficamos com esperança de que essas mulheres tenham dias melhores e possam sair dessa situação de violência”. ressaltou a Desembargadora Nágila Brito, Presidente da Coordenaria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia.
A atividade, que além do momento de descontração, contou também com depoimentos de mulheres em situação de violência doméstica e das agentes da Justiça que atuam no combate a violência, faz parte do grupo “Somos Todas Marias”, criado pela 3ª Vara.
O almoço foi produzido pelos alunos do curso de gastronomia da Ucsal, supervisionados pelo professor Marco Aurélio, e teve também um bolo feito pelo professor de confeitaria Adriano Caldas. A aluna de gastronomia Jane Silva recitou uma poesia de sua autoria que relata a histórias das “Marias”.
Segundo a Assistente Social da 3ª Vara, a atividade externa vai além do lazer. “É o momento de compartilhar, de construir novas experiências de vida, contato com situações diferentes. Neste momento a mulher adquire novas experiências no coletivo”, destacou.
Para a Juíza Corregedora Auxiliar do Conselho Nacional de Justiça Nartir Weber, que também já atuou na 3ª Vara de Violência Doméstica, a intenção desses eventos é mostrar as mulheres o processo de “desconstituição da pessoa humana imposto, muitas vezes, de forma dissimulada, pelo homem agressor, que representam, no fundo, os primeiros sinais de sua personalidade deturpada e, com isso, orientá-las à percepção desses sinais o quanto antes, para que se preservem e criem mecanismos de defesa da sua segurança física, mental e sexual”.
A ação aconteceu no dia 11/05, nas dependências do campus de Pituaçu, da Ucsal. “As mulheres saíram dali bem mais tranquilas e se sentindo acolhidas. Teve uma que relatou que agora sabia que não estava sozinha”, destacou a Desembargadora Nágila Brito.
Para a Juíza Janete Fadul, Titular da 3ª Vara, essas atividades representam resgate da autoestima e empoderamento, “de que possam ser detentoras para se libertarem dos traumas que as marcaram, sentindo-se valorizadas e credoras do amparo que o TJBA lhes oferece”.
A Mesa de abertura foi composta pela Desembargadora Nágila Brito, Presidente da Coordenadoria da Mulher; pela Juíza Corregedora Auxiliar do CNJ, Nartir Weber; pela Juíza Titular da 3ª Vara, Janete Fadul; pela integrante do Grupo Somos Todas Marias, Andrea Nassar; e pela Coordenadora do curso de gastronomia/Ucsal, Sheila Bulhões.
Por sugestão de uma componente do grupo “Somos Todas Marias”, que é museóloga, a próxima atividade será a visita a um museu.
“Somos Todas Marias” – criado e coordenado pelas assistentes sociais, Lunélcia Almeida e Eugênia Castro, da 3ª Vara, o grupo é composto por mulheres em situação de violência doméstica e familiar. As Assistentes Sociais, por meio das narrativas das participantes, identificaram que as mulheres que vivenciam uma situação de violência de gênero passam por um isolamento social por parte da família e amigos. Elas relatam que “depois que denunciei ele, nunca fui convidada para uma festa”, “minha família me culpa, pois apesar de tudo ele é um bom pai”. Tal identificação contribuiu para construção de uma atividade externa do grupo “Somos Todas Marias”.