O Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) realizou, nessa quinta-feira (18), o Seminário “A Revolta dos Malês sob a lente da Paleografia”. O evento refletiu sobre a importância da revolta e seus impactos na sociedade contemporânea.
Ocorrido em Salvador em 1835, o movimento foi uma rebelião de escravizados, principalmente muçulmanos da tribo nagô, contra a escravidão e a opressão religiosa.
“A Revolta dos Malês foi a maior revolta urbana contra o sistema escravocrata. E é importante a gente não perder de vista que esses acontecimentos dão uma ideia de como funcionava a economia com base na mão de obra escrava e as relações entre as pessoas, inclusive, o quão era injusta essa relação entre senhores e escravizados”, afirmou o Desembargador Cássio Miranda, Presidente da Comissão Permanente de Memória do TJBA.
Uma iniciativa da Comissão e do Fórum Permanente de Memória da Universidade Corporativa Ministro Hermes Lima (Unicorp-TJBA), o seminário teve uma palestra ministrada pela Professora Doutora e Paleógrafa Alícia Duhá Lose. O foco da apresentação foi na produção documental, antes e depois da revolta, tanto pelos próprios revoltosos quanto pela Justiça.
“O detalhe é que a produção de documentos, a produção de escritos ao longo do processo [da revolta] foi muito grande e a apreensão desses documentos também. Muitos deles estão pulverizados não só pelo Brasil, mas também há documentos espalhados pelo mundo. Identificar, saber onde estão e analisar, a partir de uma perspectiva atual, sem sombra de dúvidas, é fazer jus à história dessas pessoas”, destacou a professora.
O Diretor-Geral da Unicorp-TJBA, Desembargador Jatahy Júnior, ressaltou que o reconhecimento da importância da Revolta dos Malês é essencial para que se busque sempre “os ideais da liberdade, do respeito e da cidadania”.
Para o Presidente da Comissão Permanente de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (CIDIS) – Desembargador Lidivaldo Reaiche –, o evento serve de reflexão sobre a atuação do próprio TJBA. “O Tribunal de Justiça teve participação em relação à Revolta dos Malês, porque foi o Tribunal que julgou os últimos recursos dos rebeldes. Então, é um momento de reflexão”, ressaltou.
Além das autoridades anteriormente citadas, marcaram presença no seminário: Desembargador Emílio Salomão Pinto Resedá; Desembargadora Rita de Cássia Machado Magalhães; Desembargador Mário Augusto Albiani Alves Júnior; Desembargador e Presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), Julio Cézar Lemos Travessa; Desembargadora Lícia Pinto Fragoso Modesto; e o Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Joaci Góes.
Assista ao Seminário “A Revolta dos Malês sob a lente da paleografia”: