O 3 de julho de 2011 será inesquecível para quatro apenadas do Conjunto Penal Feminino de Salvador. As mulheres que cumprem pena em regime semiaberto receberam ontem, quarta-feira, o certificado de conclusão de curso da capacitação para auxiliar de camareira.
A cerimônia, realizada no auditório da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (Setre), foi aberta por uma apresentação do coral do programa Mais Educação, seguida pela exibição de um vídeo com fotos das experiências vividas pelas novas camareiras, durante a capacitação.
Compuseram a mesa o chefe de gabinete da Setre, Elias Dourado; o diretor de Integração Social da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), Hari Brust; o representante da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Ricardo Lima; o servidor Orlando Bitencourt, representando o Tribunal de Justiça; Bárbara Maria Dultra, representante da Organização Não-Governamental (Ong) Restaurar; e a Margarida Conceição, representante de turma.
O curso, oferecido pela Ong Restaurar, com aulas realizadas na sede do Serviço de Intermediação para o Trabalho (SineBahia), em parceria com a Setre e o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, por meio do programa Começar de Novo, foi iniciado em 30 de maio e também capacitou mulheres que fazem parte do Bolsa Família.
Para a diretora do Conjunto Penal Feminino, Luz Marina Ferreira, a capacitação foi positiva porque, além de aumentar a autoestima, estimulou as presas a serem empreendedorista. “O desempenho foi tão bom que algumas empresas estudam a possibilidade de contratá-las”.
“Quando percebemos que elas puderam ter uma oportunidade como essa, ficamos com a emoção à flor da pele”, afirmou a coordenadora laborativa da unidade feminina, Iara Santana Bueno, que acompanhou as apenadas desde o processo de seleção até o fim do curso. “Elas são, agora, profissionais”, completou.
Para a coordenadora-geral da diretoria de Integração Social da Seap, Silvan Selem, a oportunidade é um novo começo. “Estamos abrindo espaço para que essas mulheres sejam inseridas no mercado de trabalho e, assim, possam melhorar as condições de vida”, disse.
Essa foi a primeira turma de mulheres contempladas pelo programa Começar de Novo a receber a capacitação profissional. Com uma carga horária de 200 horas, elas aprenderam noções de cidadania e tiveram a oportunidade de trabalhar, por duas semanas, em três hotéis conceituados da cidade.
Além do certificado, as integrantes receberam uma carta de apresentação dos estabelecimentos.
Trabalho – O Começar de Novo é um programa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), executado em parceria com os Tribunais estaduais, que tem por objetivo promover a ressocialização de presos e egressos do sistema penitenciário, e promover a redução da reincidência criminal.
Além de dar oportunidade em postos de trabalho, o programa consiste em ações de capacitação profissional, que visam à recuperação da dignidade e autoestima dos apenados.
O Tribunal de Justiça dedica atenção especial ao programa, o que o levou a uma posição de destaque nacional.
Um levantamento realizado pelo CNJ, em maio deste ano, ratificou os resultados do trabalho realizado pelo Tribunal. Na sondagem, feita por meio do Portal de Oportunidades, a Bahia ficou em terceiro lugar no ranking dos Estados que mais geram empregos para detentos, com um número de 160 reinseridos em 2011.
Texto: Fernanda Magalhães / Fotos: Nei Pinto