Você alguma vez parou para pensar que, mesmo exercendo um trabalho que goste, pode causar uma alta carga de estresse e gerar danos à sua saúde mental? Se a segunda-feira for sinônimo de sofrimento, é sinal de que algo não vai bem na relação entre você e o trabalho.
A pressão por entregar bons resultados, competitividade, responsabilidade, assédio moral e baixa remuneração podem influenciar no desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e, também, podem levar a um consumo de álcool e drogas.
“A grande maioria dos transtornos mentais em adultos são desencadeados no trabalho, porque o trabalho tem uma série de demandas e exigências a serem cumpridas. (…) Existem vários estudos que mostram que o ambiente de trabalho precisa ser muito bem pensado, porque ele é um fator de adoecimento”, disse a Psicóloga Cristina Goulart, Coordenadora da Equipe Multidisciplinar do Núcleo de Justiça Restaurativa do PJBA e Coordenadora do curso de Psicologia de uma faculdade de Salvador.
O tema é tão sério que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), como um fenômeno ocupacional. Segundo o Ministério da Saúde, a Síndrome é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que pode causar um estado de depressão profunda e, por isso, merece atenção.
Cristina Goulart
Psicóloga
A Psicóloga explica que um dos fatores que podem levar ao adoecimento causado pelo trabalho, é o acúmulo de funções, muito comum em várias profissões. “Quando o acúmulo de tarefas começa a ficar com a sensação de excesso, de que você não está dando conta, causa muito adoecimento”, ressalta.
Com a pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas estão trabalhando em home Office, ou seja, o ambiente doméstico também se tornou o ambiente de trabalho. Essa realidade, que é nova para a maioria, pode aumentar o estresse e, consequentemente, desencadear algum transtorno mental.
“Ao mesmo tempo em que você está trabalhando, você precisa fazer o almoço, arrumar a casa. Não há uma separação entre o momento de trabalhar, cuidar da casa e fazer outras coisas. (…) É uma situação bastante delicada, e que vai ser necessário um ajuste entre todas as pessoas que moram na casa. Uma coisa fundamental é ter a parceria da família, todos precisam entrar em um acordo de como vão gerenciar o home Office, principalmente para quem tem crianças em casa”, explica.
Estabelecer uma rotina e horários para cada tarefa, segundo a Psicóloga, é importante para manter os dois ambientes em harmonia. “Estabelecer uma rotina, um horário para trabalhar, de fazer as coisas da casa, o horário de almoço. (…) As pessoas precisam delimitar o tempo de trabalho, não é bom que invada seu momento de relaxamento, de ficar com a família, de estar fazendo nada. É muito importante equilibrar essas coisas”, orienta.
Identificar as causas e os motivos de não se sentir bem no emprego ou na profissão, ajudam a enfrentar o esgotamento profissional, segundo a Psicóloga. “É com você? É o clima do trabalho, o momento econômico? O que está acontecendo? Quando a gente sabe o que está acontecendo, de que forma aquelas coisas estão nos afetando, a gente desenvolve estratégias para lidar com isso. Problemas a gente sempre vai ter, problemas no trabalho também, mas quando você começa a reconhecer e analisar os problemas, você consegue desenvolver do ponto de vista inclusive emocional, estratégias mais adequadas para enfrentá-los”, ressalta.
Além disso, é importante manter momentos de lazer, fazer tarefas que desligue do trabalho e proporcione alguma satisfação. Vale qualquer coisa: assistir série, cozinhar, costurar, ler um livro, praticar exercícios físicos, cuidar de plantas, ou outra atividade. Manter uma alimentação saudável e dormir bem também contribuem para uma boa saúde mental.
É preciso estar atento aos sinais de que o ambiente de trabalho ou a função desempenhada podem estar afetando a saúde mental. Episódios frequentes de irritabilidade, mudanças de humor, estresse, desânimo, isolamento social, insônia, choro frequente, são sinais de alerta e precisam ser levados a sério. Caso perceba que a sua saúde mental não vai bem, procure ajuda psicológica.
Campanha – Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. E para ressaltar a importância disso, o Poder Judiciário da Bahia (PJBA), por meio da Secretaria de Gestão de Pessoas (SEGESP), promove a campanha #ExisteSOLUÇÃO, com objetivo de desmistificar alguns temas relacionados à saúde mental para magistrados, servidores e o público em geral.
A iniciativa acontece antes mesmo do mês de setembro, época em que os debates sobre depressão e o combate ao suicídio se intensificam. O PJBA entende que o tema deve ser discutido o ano inteiro e não apenas durante um mês.
Fique ligado nos canais de comunicação do PJBA, o conteúdo será diversificado e, sem dúvida, de grande relevância para toda a sociedade.
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