Com o intuito de ampliar as discussões e trazer a perspectiva da pessoa com deficiência (PCD) para dentro do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) durante o Novembro Negro, a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI) realizou, no dia 26 de novembro, a roda de conversa “Corporeidades Negras: Interseccionalidades entre Raça e Deficiência”.
“Essa política de combatermos o racismo e permitir a acessibilidade e a inclusão da pessoa com deficiência é importantíssima, pois torna a sociedade melhor e mais acolhedora, permitindo que todos possam desfrutar do bem comum”, declarou o Juiz Rilton Goes, membro da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI) do TJBA e participante da roda de conversa.
Imersa por expressões artísticas, a abertura do evento foi marcada pela declamação do poema “Banzo Maracatu”, que encantou os estagiários e servidores presentes. Na sequência, teve início o debate, com intérpretes de Libras e audiodescrição.
A estagiária Gisele Araújo disse nunca ter pensado no tema. “Achei muito interessante a proposta do evento, espero que a roda de conversa seja proveitosa e que contribua muito para o meu aprendizado”, externou Gisele no início do encontro.
Integrada pelo Juiz Rilton Goes; Maili Santos, maquiadora profissional, supervisora de acessibilidade em eventos culturais; Camila Moreira, artesã que atua na área de educação inclusiva; Marcelo Zig, filósofo e superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Governo da Bahia; e Murilo Oliveira, militante da inclusão (Coletivo PCD), a roda de conversa foi mediada por Giselli Oliveira, professora e ativista cultural.


“É muito importante a gente discutir a questão da interseccionalidade, sobretudo para jovens. A gente precisa educar a sociedade para entender esses corpos”, afirmou a mediadora.
Atuando em conjunto, o racismo e o capacitismo geram dupla opressão e aumentam a vulnerabilidade, especialmente, dos indivíduos que possuem múltiplos marcadores sociais da diferença. O último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 56% da população com deficiência no Brasil é negra, tornando o debate sobre a interseccionalidade entre os temas ainda mais necessário.
“Os dados revelam que a maioria das pessoas com deficiência no país são negras, essas pessoas adquirem a deficiência a partir das suas experiências de vida, seja através de uma doença, de um acidente, de uma violência ou pelo envelhecimento. Essa é uma pauta que transversaliza com outros marcadores sociais e com outras dimensões da política pública”, ressaltou Marcelo Zig.
A proposta da roda de conversa foi de viabilizar um espaço de diálogo e reflexão sobre como o racismo estrutural e o capacitismo se entrecruzam na vida das pessoas negras com deficiência, destacando experiências, resistências e estratégias de enfrentamento.
“Participar dessa palestra me possibilitou ver a inclusão sob outra perspectiva, ela me abriu os olhos para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência e para a importância de melhorar a acessibilidade nas escolas e nas ruas”, contou a estudante Paloma Conceição.