A exposição “Fragmentos de Memória” recebeu, na quarta-feira (3), visitas guiadas de interessados em conhecer mais acerca da história do povo brasileiro. Aberta ao público até esta sexta-feira (5), a exibição está instalada no átrio do prédio-sede do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), no Centro Administrativo da Bahia, e pode ser visitada das 8h às 18h, sem a necessidade de agendamento prévio.
Esse projeto é desenvolvido pela gestão do Arquivo Público do Estado e conta com o apoio Comissão Permanente de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (CIDIS) do TJBA, que tem à frente o Desembargador Lidivaldo Reaiche. A iniciativa utiliza documentos históricos com descrições de pessoas escravizadas para reconstruir suas imagens como se fossem fotografias utilizando a Inteligência Artificial (IA).



“Esse é um projeto fantástico, porque nós vamos ter a oportunidade de verificar como eram essas pessoas escravizadas e ter uma oportunidade para a reflexão. O mês da Consciência Negra tem essa missão: de fazer com que as pessoas reflitam sobre o passado escravocrata do Brasil que, ainda, está muito próximo da nossa realidade, e as suas consequências”, disse o Desembargador Lidivaldo Reaiche sobre a importância do projeto.
Realizada na quarta-feira (3) em duas edições (manhã e tarde), a visita guiada foi aberta a todos os interessados. O Coordenador de Preservação do Arquivo Público do Estado, Adalton Silva, foi o guia das edições da visita e ressaltou a finalidade do projeto. “O objetivo principal é trazer mais reflexões para as pessoas sobre o que foi o processo de escravidão no contexto brasileiro, principalmente aqui, na Bahia, e mostrar elementos que, normalmente, não são vistos nos livros escolares. Fora isso, um detalhe que guiou muito a materialização desse projeto foi incentivar as pessoas a pesquisarem sobre suas ancestralidades, convidar o povo negro da Bahia a querer saber mais das suas raízes. Então, elaborar tudo isso é, também, uma forma de convidar as pessoas para pesquisarem sobre sua ancestralidade e mostrar, de uma forma mais intensa, detalhes intrínsecos da escravidão”, destacou.


A estagiária do TJBA Bianca Oliveira compartilhou suas impressões a respeito da visita. “Estamos participando, inclusive, para descobrir mais coisas da nossa história, arquivos que não tínhamos acesso. Temos que buscar mais sobre a nossa história, sobre a história do outro para termos consciência de políticas públicas e espaços”, pontuou.
Visita de Representante do Movimento de Mulheres Negras – Na terça-feira (2), o Desembargador Lidivaldo Reaiche esteve presente na exposição com a Deputada Estadual Olivia Santana, pedagoga; fundadora da organização nacional fundada em Salvador, União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro); e autora do livro “Mulher Preta na Política”.
Novembro Negro – A exposição consiste em uma das ações promovidas pelo TJBA, por meio da CIDIS, voltada à valorização da memória, da cultura e da história afro-brasileira, desenvolvidas pela Cidis em alusão ao Novembro Negro, e incentivadas pela Presidente do TJBA, Desembargadora Cynthia Maria Pina Resende.
Para dezembro, mais ações relacionadas ao tema estão previstas. No próximo dia 10, às 14h, será exibido o filme Malês, dirigido por Antônio Pitanga. A obra destaca a importância da união entre diferentes povos, tribos e tradições religiosas para o êxito da Revolta dos Malês e a luta pelo fim da escravidão, ambientada na Salvador de 1835. A sessão é destinada aos servidores do TJBA, mas também é aberta ao público. Após a exibição, haverá um Cine Debate com a presença do ator Heraldo de Deus, integrante do elenco.
No dia 16 de dezembro, a programação segue com a realização da 2ª edição do Prêmio Luiz Gama. Na oportunidade, o TJBA faz a entrega da medalha à instituição homenageada de 2025, o Instituto Cultural Steve Biko. O evento acontece no Auditório Desembargadora Olny Silva e conta com a participação da pesquisadora Lisa Earl Castillo, pesquisadora independente, doutora em Letras pela Universidade Federal da Bahia e com estágios de pós-doutorado em instituições nacionais e estrangeiras. Seu trabalho abrange diferentes aspectos da história e da cultura afro-brasileira, com ênfase na reconstrução documental de trajetórias de vida preservadas pela memória oral. Autora do livro “Entre a oralidade e a escrita: a etnografia nos candomblés da Bahia” (Edufba, 2008), além de diversos artigos e capítulos publicados no Brasil e no exterior, a pesquisadora apresentará novas descobertas sobre a vida de Luiz Gama, resultantes de estudos conduzidos no Arquivo Público da Bahia.


A cerimônia conta, também, com a apresentação de uma cena do espetáculo A Cor do Julgamento, encenada pelo grupo teatral estudantil Rábulas, formado por alunos da Escola Municipal São Domingos Sávio. O grupo participou do projeto-piloto Luiz Gama nas Escolas, desenvolvido pelo TJBA/CIDIS, e abordará o tema das cotas raciais. A abertura do evento será realizada pelo Coral do TJBA, com um repertório afro-referenciado especialmente preparado para a ocasião.