Agência de Notícias

Um barco em meio ao tsunami do vestibular e um espaço que, há 33 anos, vem transformando a vida das pessoas. Essas são as palavras utilizadas pelo estudante Igor dos Santos Souza e pelo fundador e presidente de honra do Instituto Cultural Steve Biko (ICSB), Sílvio Humberto, para definir o trabalho realizado pela instituição pioneira na preparação de estudantes negros para o acesso às universidades.  

Ambos estiveram presentes na cerimônia de entrega do 2º Prêmio Luiz Gama, nesta terça-feira (16), na sede do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). A condecoração reconhece cidadãos e organizações públicas ou privadas que prestam relevantes serviços à sociedade, especialmente na promoção e na defesa dos direitos humanos. 

“Para nós, é uma alegria imensa o reconhecimento do papel e do trabalho do Instituto Steve Biko que, desde a década de 1990, vem oferecendo aos jovens negros carentes um curso preparatório, permitindo que centenas deles pudessem ingressar no ensino superior”, afirmou o Desembargador Lidivaldo Reaiche Brito, Presidente da Comissão Permanente de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (CIDIS).  

Veja, aqui, as fotos da entrega do Prêmio Luiz Gama.   

Fundado em 31 de julho de 1992, o ICSB é fruto da ação de jovens militantes negros que criaram o primeiro curso do Brasil com foco na formação política e educacional de jovens negros que buscam chegar ao ensino superior. O instituto foi escolhido, por unanimidade, entre as 39 instituições inscritas para esta edição do prêmio.  

“Esta merecida honraria, que leva o nome do maior abolicionista do Brasil, não poderia ser concedida a uma instituição diversa, sintetizando a luta pela plena igualdade de direitos entre brasileiros, consagrando uma fonte de inspiração potente que nos motiva no caminho da proatividade no sentido de garantir os direitos consolidados na nossa Constituição cidadã”, afirmou a Presidente do TJBA, Desembargadora Cynthia Resende. 

A instituição ganhadora carrega o nome do líder sul-africano, Steve Biko, grande referência na luta contra o Apartheid na África do Sul. “O Instituto Steve Biko, ao colocar a universidade como um sonho possível, possibilitou que milhares de pessoas desfrutassem desse trabalho. Hoje, a Biko tem filhos e filhas em todos os lugares, seja em ações individuais, seja com ações coletivas. Para nós, é uma grande honra receber essa homenagem tendo como ícone Luiz Gama”, celebrou Sílvio Humberto.  

O instituto desenvolve diversas atividades que já resultaram em políticas públicas para o combate às desigualdades raciais, sendo reconhecido pelas principais instituições e pelos movimentos sociais do Brasil. “A Biko surge justamente com essa porta de saída, como essa oportunidade de educação, socialização e aprendizado. É um instituto que realmente transcende as nossas questões educacionais, mas vai para um âmbito mais social e de acolhimento”, destaca o estudante Igor dos Santos Souza.  

A cerimônia contou, ainda, com apresentações do Coral do TJBA e do grupo de teatro estudantil “Rábula”, formado por alunos da Escola Municipal São Domingos Sávio. A pesquisadora Lisa Earl Castillo, também, apresentou a palestra “Novos Documentos sobre a Infância de Luiz Gama na Bahia”.