Nesta quinta-feira (19) é comemorado o Dia Nacional de Combate à Cefaleia, ou como é mais conhecida, a famosa dor de cabeça. Para auxiliar os integrantes do Poder Judiciário da Bahia (PJBA), a Servidora Diana Vetter, Médica responsável pela Coordenação de Saúde Ocupacional (Cosop), preparou um artigo sobre o tema.
No texto, ela apresenta a diferença entre cefaleia e enxaqueca, os principais causadores da dor, e o que pode ser feito para diminuir as crises, além de outras informações técnicas.
Confira!
Enxaqueca, cefaleia e dor de cabeça
Muitas pessoas se confundem com relação ao significado dessas palavras.
Dor de cabeça é uma terminologia popular e dispensa explicações. Todos sabem o que significa. Um aspecto interessante é que, embora o queixo, o nariz e os olhos estejam situados na cabeça, ninguém que sinta uma dor numa dessas estruturas diz ter uma dor de cabeça. Assim, o que as pessoas em geral entendem como dor de cabeça é a dor na região do crânio.
Cefaleia é um termo técnico e significa exatamente o mesmo que dor de cabeça. Assim, não faz sentido dizer o que frequentemente se ouve: “O que tenho não é cefaleia, é somente uma dor de cabeça!”
A enxaqueca é uma das mais frequentes causas de dor de cabeça, mas não a única. Para se ter uma ideia, a Sociedade Internacional de Cefaleia reconhece mais de 150 tipos ou causas de dor de cabeça. Entre os médicos especialistas em dor de cabeça (neurologistas), alguns preferem chamar a enxaqueca de migrânea.
A enxaqueca (ou migrânea) é uma doença neurológica multifatorial, que pode envolver questões genéticas, hormonais e principalmente relacionadas a alguns hábitos de vida. Sua principal característica é a dor de cabeça latejante, em um ou nos dois lados da cabeça, habitualmente de forma crônica com crises recorrentes. Sua frequência varia de pessoa para pessoa, tendo as crises de dor duração de 4 até 72 horas se não tratadas.
A enxaqueca acomete 15% da população brasileira, de forma mais frequente no público feminino. Só na região sudeste estima-se que 30% das mulheres sofrem com as crises de dor, sendo uma das principais causas de falta ao trabalho. A média é de quatro dias perdidos de trabalho por ano. Nos Estados Unidos, o custo estimado indireto por ano é de 13 bilhões de dólares. Por ser incapacitante, algumas pessoas não conseguem ficar em locais com luz ou barulho, a enxaqueca influencia também as atividades familiares, sociais e escolares.
Sintomas:
A crise de enxaqueca pode ser dividida em quatro etapas com sintomas distintos.
Na premonitória, o período anterior à dor de cabeça, é comum o desejo por determinados alimentos, como chocolate, alterações de humor, cansaço, bocejos e retenção de líquidos.
Depois vem a aura, que normalmente precede a crise, mas também pode ocorrer simultaneamente. Ela ocorre em 15 a 25% das enxaquecas, e se manifesta com alterações na vista como embaçamento, pontos ou manchas escuras na visão, linhas em “zig zag” e pontos luminosos que duram de cinco minutos a uma hora. Em casos raros podem acontecer auras sem dor de cabeça.
A etapa da cefaleia ou dor de cabeça é o período mais incapacitante e incômodo da enxaqueca. A sensação é de dor de um lado da cabeça e latejamento que pioram com qualquer esforço físico. Além disso, náuseas, vômitos e sensibilidade a barulhos, luz e cheiros podem acompanhar a dor.
Por último vem a fase de resolução, que é a recuperação do organismo após a dor intensa de cabeça e se caracteriza por intolerância a alimentos, dificuldade de concentração, dor muscular e fadiga.
Dez principais fatores envolvidos com as crises de enxaqueca:
Preocupações excessivas, ansiedade, tensão, estresse;
Ficar sem comer. O jejum é o aspecto alimentar mais importante para desencadear dores de cabeça. Longo tempo sem comer pode gerar uma queda na taxa de açúcar do sangue e provocar a produção de substâncias que causam dor. O ideal é comer algo a cada 3 ou 4 horas, e também não exagerar na comida quando passar muito tempo em jejum;
Dormir mal. Bom sono é uma condição fundamental para o bem estar de uma maneira geral, e também para o equilíbrio das enxaquecas e outras dores de cabeça. Dormir pouco, dormir muito, demorar para pegar no sono, acordar no meio da noite, roncar e ter sonolência de dia, ir dormir e acordar muito tarde são todos possíveis desencadeantes de dor de cabeça;
Ciclo hormonal. A temida TPM (tensão pré-menstrual) carrega consigo crises de cefaleia. As enxaquecas na mulher tendem a ser mais concentradas no período menstrual ou pré-menstrual. Irregularidades menstruais, endometriose, ovários policísticos e reposição hormonal, podem ser fatores que agravam as enxaquecas;
Irritação e alterações do humor. A irritabilidade aparece normalmente junto com uma crise de enxaqueca, mas também pode ser um motivo gerador de novas dores. Altos e baixos no humor, pavio curto, passar muita raiva (guardando ou explodindo, tanto faz), impaciência, são combinações para desencadear uma enxaqueca. Tudo o que for feito no sentido de relaxar, acalmar e treinar a paciência é útil;
Excesso de cafeína. Tomar muito café, bebidas cafeinadas (coca-cola, chás pretos), chocolates, e até mesmo analgésicos que contenham cafeína são provocadores de enxaqueca;
Falta de exercícios físicos. Realizar exercícios faz com que o organismo produza endorfinas, regulariza a produção de neurotransmissores como a serotonina, melatonina, tornando o organismo mais saudável e mais resistente à dor;
Uso excessivo de analgésicos. Analgésicos não tratam a enxaqueca, só aliviam a intensidade e a duração das crises. O uso indiscriminado de analgésicos pode piorar a enxaqueca, tornando as crises mais resistentes e frequentes;
Alimentos como chocolate, frutas cítricas, alimentos muito gelados (sorvetes), nozes, alimentos gordurosos, condimentados, ricos em glutamato monossódico (presente em salgadinhos, molhos, adoçantes), podem agravar as enxaquecas;
Causas genéticas. Deve-se reconhecer rapidamente a enxaqueca na infância, adolescência, início da vida adulta em filhos de pessoas que sofrem com a enxaqueca, para que ela possa ser tratada adequadamente, preventivamente, evitando que as crises apareçam e que a enxaqueca se desenvolva até um estágio crônico.
Diagnóstico:
Não existem exames específicos para diagnosticar a enxaqueca. O diagnóstico é clínico, por meio da avaliação médica dos sintomas relatados pelo paciente. Em alguns casos podem ser feitos exames para identificar se existem outros fatores interferindo na dor de cabeça e confirmar a suspeita de enxaqueca.
Tratamento e prevenção:
A enxaqueca tem tratamento e os pacientes se beneficiam muito com ele, embora, na maioria das vezes não seja possível evitar completamente as crises. Ele pode ser feito com medicamentos ou métodos não medicamentosos. As crises também podem ser combatidas com analgésicos de efeito rápido, reduzindo a dor.
Também é fundamental a adoção de hábitos saudáveis, como relaxamento, atividades físicas regulares, alimentação equilibrada e sono regular como forma de prevenção.
Sites visitados:
https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/cefaleia-ou-enxaqueca
https://www.einstein.br/doencas-sintomas/enxaquecahttps://bvsms.saude.gov.br/enxaqueca
Dra. Diana Vetter Vincis -Médica Coordenadora COSOP
Descrição da imagem: Ilustrativa para dor de cabeça {fim da descrição}.
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