Todos, em algum momento da vida, experimentam o sentimento de tristeza, seja por uma perda ou alguma situação desagradável, mas logo encontramos formas de superar e seguir com a vida. É algo normal, faz parte das emoções humanas. Porém, se o sentimento de tristeza surgir sem nenhum motivo aparente e ser persistente, é hora de buscar apoio psicológico para entender o que está acontecendo.
A tristeza constante é um dos sintomas da depressão, transtorno mental grave descrito na Classificação Internacional de Doenças (CID), que merece cuidado. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 5,8% da população brasileira possui o transtorno. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que, em 2020, a depressão seria a doença mais incapacitante do mundo.
O transtorno pode se manifestar em qualquer fase da vida: infância, adolescência, idade adulta e na velhice. Pode acometer qualquer pessoa, independente da classe social, cor, grau de instrução ou das conquistas. A psicóloga Nara Borges, servidora do Serviço de Apoio e Orientação Familiar (SAOF) unidade vinculada à Secretaria de Gestão de Pessoas (Segesp), do Poder Judiciário da Bahia (PJBA) explica que existem diferentes níveis de depressão, que vão desde a quadros mais leves até o mais grave, que pode levar o indivíduo ao suicídio, caso não seja tratado. Existe também a depressão com sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.
Vários fatores podem servir de gatilho para a depressão, seja o próprio funcionamento do cérebro ou situações vividas no dia a dia, como violência, perdas importantes ou momentos de instabilidade, como a pandemia do novo coronavírus, conforme esclarece a psicóloga.
“Em tudo que se refere a subjetividade humana, a depressão é um fenômeno complexo. Uma série de fatores podem contribuir. Alguns autores [da psicologia] defendem a depressão endógena, que seria algo ligado a genética, a dinâmica dos neurotransmissores. E tem a depressão reativa, que tem a ver com fatores que acontecem na nossa vida, com os acontecimentos e, a partir disso, a gente reagiria com sintomas depressivos. Uma série de fatores ao longo da história de vida, contribuem para que uma pessoa desenvolva um quadro depressivo”.
Nara Borges
Psicóloga
É preciso estar atento aos sinais da doença. Além da angústia, a depressão causa outros sintomas, psicológicos e físicos. “Sentimentos de menos valia, ou seja, acreditar que ela não tem valor. Um desânimo ao acordar, falta de energia, uma falta de forças para enfrentar o dia e lidar com as coisas da vida. Há também uma ausência de prazer, inclusive de coisas que antes provocavam prazer, é como se essas coisas perdessem a graça”, ressalta.
A depressão pode gerar também alteração no sono: a pessoa pode dormir demais ou não conseguir dormir; alteração no apetite, comer pouco ou perder a fome e, também, alteração no desejo sexual. Além disso, pode haver irritabilidade, cansaço e fraqueza física. Apenas médicos, psiquiatras e psicólogos podem diagnosticar e indicar o tratamento correto para cada paciente. Da mesma forma que a automedicação não é recomendada para doenças físicas, o mesmo vale para qualquer transtorno psicológico. Ingerir medicamentos sem orientação médica pode trazer riscos à saúde.
Apesar de grave, muitas pessoas ainda enxergam a depressão como “frescura”, “exagero”, algo que a pessoa pode escolher ter ou não. Segundo Nara, essa falta de aceitação do transtorno mental como doença, que precisa de tratamento acontece pelo fato de a depressão não ser aparente.
“Uma doença física, na maior parte das vezes, ela é evidente. Ela deixa marcas, deixa sinais no corpo de quem apresenta essa doença. Existem pessoas que relutam em ver a depressão, a psicose, os transtornos alimentares como uma patologia. As pessoas tendem a achar que é algo comportamental, que há uma possibilidade de escolha do sujeito e que é uma questão de vontade. Aí vem aquelas supostas injeções de ânimo, que muitas vezes acabam deixando a pessoa pior, porque a pessoa que está deprimida, dependendo da intensidade, não consegue sequer levantar da cama, tomar um banho.” (destaque)
Amigos e familiares de pessoas com o transtorno podem ajudar na recuperação. “Estando dispostos a escutar, que haja uma disponibilidade para ouvir. A pessoa com depressão precisa de muita escuta, acolhimento, de uma postura que não envolva julgamento, mas envolva compreensão e respeito acima de tudo. Respeito pelo sofrimento dela e pelo momento que ela está passando”, exemplifica Nara. Também é importante indicar para a pessoa que esteja apresentando sinais depressivos, que busque ajuda especializada e, até mesmo, caso a pessoa aceite, se dispor a acompanhá-la nas consultas.
Não há nada de errado em procurar e receber ajuda! Depressão não é frescura, é algo sério e que merece atenção.
Nara Borges
Psicóloga
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Acesse o site e saiba como entrar em contato.
Campanha – Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. E para ressaltar a importância disso, o Poder Judiciário da Bahia (PJBA), promove a campanha #ExisteSOLUÇÃO, com objetivo de desmistificar alguns temas relacionados à saúde mental para magistrados, servidores e o público em geral.
A iniciativa acontece antes mesmo do mês de setembro, época em que os debates sobre depressão e o combate ao suicídio se intensificam. O PJBA entende que o tema deve ser discutido o ano inteiro e não apenas durante um mês.
Fique ligado nos canais de comunicação do PJBA, o conteúdo será diversificado e, sem dúvida, de grande relevância para toda a sociedade.
Leia também:
#ExisteSOLUÇÃO: fique atento aos sinais de que o trabalho está afetando a sua saude mental
INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM A COMETER SUICÍDIO É CRIME; SAIBA MAIS