Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife, Pernambuco. Sua família fazia parte da elite da época, porém a depressão de 1929, mitigou a importância econômica de seu clã familiar, reduzindo-o a tempos difíceis, enfrentando a pobreza em sua infância. Com certeza, isso foi determinante em sua vida, capaz de marcar para sempre a sua existência, e, mais tarde, influindo na sua visão de buscar, através da educação, viabilizar melhor destino para os menos favorecidos.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do mesmo Estado, onde mais tarde se firmaria como professor, notabilizou-se como dos maiores pensadores mundiais da Pedagogia. Jamais exerceu a advocacia, logo cedo enveredando pela Educação, inicialmente como professor de Português em estabelecimentos de ensino de ginásio e segundo grau, em Recife, mas dedicando-se, com afinco, aos estudos da filosofia, da pedagogia. Mas, foi no Rio Grande do Norte, em 1963, quando, em 45 dias, ensinou 300 adultos a ler e escrever, que iniciou o seu método inovador, logo adotado pelo governo de Pernambuco.
A sua vasta obra acadêmica ainda ecoa internacionalmente, e o seu festejado “Pedagogia do Oprimido”, lançado em 1968, é hoje o terceiro livro mais referido em trabalhos de ciências sociais, mundo afora. Suas frases são marcantes, a afirmar a genialidade de seu método: Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor. Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo. Não é no silêncio que os homens se fazem. Mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. A Educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa. E a lapidar expressão que se amolda qual uma luva aos difíceis tempos do agora: Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário.
Incompreendido pela ditadura militar pós-1964, PAULO FREIRE foi exilado, inconsequentemente acusado de subversivo. Mas, tudo que ele buscava era aplicar a educação como forma de promover a superação da ignorância, possibilitando ao analfabeto, ao oprimido, a ascensão intelectual capaz de permitir ao cidadão a plena capacidade de entender, compreender a realidade social, pois, somente pela educação, uma nação se faz realmente pujante. Felizmente, a redemocratização do Brasil, elevou FREIRE à condição de Patrono da Educação nacional, através da Lei nº. 12.612, de 13 de abril de 2012.
Convém que se diga que nenhum outro brasileiro é detentor de tantos títulos de doutor honoris causa, 41 títulos ao todo, em prestigiadíssimas Universidades da Europa e dos Estados Unidos da América. Somente a ignorância, a intolerância ideológica, justifica a estupidez de se negar o valor de PAULO FREIRE. Saudemos, pois, este grande brasileiro que, se vivo estivesse, estaria completando o seu centenário. Faleceu em 12 de maio de 1977, aos 75 anos, em São Paulo, mas vive nas mentes e nos corações daqueles que amam verdadeiramente o Brasil e acreditam no poder libertador da Educação!
*João Augusto A. de Oliveira Pinto, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Membro da Academia de Letras Jurídicas, da ABI-Associação Bahiana de Imprensa.