Professor Cortella ministra palestra hoje no auditório do TJ
O currículo é extenso. É preciso fôlego para acompanhar a lista que está na orelha do livro Qual é a Tua Obra? – Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética, distribuído para todos os servidores do Tribunal de Justiça da Bahia.
Filósofo. Mestre e Doutor em Educação. Secretário Municipal de Educação de São Paulo. Autor de artigos para os principais jornais de circulação nacional. Regularmente entrevistado em programas de tevê. E muito mais.
Não é à toa que os convites não param e ele viaja por todo o País para ministrar palestras. Os públicos, os mais variados: executivos de grandes empresas, empregados de multinacionais, estudantes universitários, políticos.
Hoje é a vez de os funcionários do Tribunal de Justiça da Bahia assistirem, ao vivo, à apresentação do também professor, escritor e consultor Mário Sérgio Cortella. A palestra começa às 14h, no auditório do Tribunal de Justiça, um presente no Dia do Servidor.
Ontem à noite, após mais uma palestra, desta vez em Brasília, o professor Cortella contou por telefone a expectativa de falar para os servidores do Tribunal de Justiça. Serão 90 minutos de apresentação. "É a sétima semana seguida que vou à Bahia, é sempre um prazer renovado".
Ascom – O senhor sempre ministra palestras para funcionários de empresas, multinacionais, corporações de iniciativa privada. Há diferença no conteúdo da apresentação quando o público é formado por funcionários públicos?
Mário Cortella – Sim, claro. Para o servidor público a perspectiva é de uma tarefa que vai além do lucro financeiro: o que está em questão é o lucro social. Há, sim, uma especificidade que ultrapassa a mera ocupação no emprego, ela se eleva no nível da obra. A palestra será uma reflexão que não vai redundar no que está no livro, não teria sentido. Ela vai remarcar algumas ideias a partir do que está no Qual é a Tua Obra?. Mas a palestra pode ser também um pré-âmbulo. Terá o papel de provocar, convidar, convocar as pessoas a lerem o livro, que deve ser encarado muito mais para a meditação do que para a compreensão.
Ascom – Na ´orelha´ de Qual é a tua obra? são sugeridas respostas para a pergunta que dá título ao livro. O senhor diz que alguém pode se sentir "inquieto" e "desconfortável" ao ouvir a pergunta. Como trazer conforto e paz para quem não está satisfeito com a obra produzida?
Mário Cortella – A satisfação deve ser afastada. Sem ela, teremos a manutenção da vitalidade, porque estaremos sempre buscando o novo. É preciso ter a percepção de que a insatisfação é aquilo que nos faz querer o melhor.
Ascom – O senhor também discute no livro o conceito de "trabalho digno" e discorre sobre a importância da humildade em um ambiente corporativo. Ter humildade é imprescindível para o crescimento profissional?
Mário Cortella – É preciso entender que humildade não é subserviência. Ninguém sabe tudo. Com a oura pessoa, saberemos juntos, entenderemos juntos, cresceremos juntos. A humildade é uma virtude para o crescimento. Só quem sabe que é pequeno é quem tem a capacidade de crescer.
Ascom – No livro, o senhor cita a síndrome do Rocky Balboa: "Todos querem aumentar a empregabilidade, mas nem todos estão dispostos a passar pelas atribulações necessárias". Em um mundo no qual a tecnologia oferece respostas tão rápidas, como ter a paciência de dar tempo ao tempo?
Mário Cortella – É preciso distinguir a velocidade da pressa. Por exemplo, eu quero uma Justiça veloz, não apressada. Se assim for, apressada, vai existir a possibilidade de equívocos. A tecnologia nos oferece mobilidade, instantaneidade, acessibilidade. Mas é preciso ter cautela com a superficialidade. A pesquisa no google deve ser vista apenas como o início de uma pesquisa, não é definitiva. E aí, a preparação de Rocky no filme passa em dois minutos, e não é assim. Existem cursos, especializações atividades que demoram, que exigem trabalho, perda de uma parte do tempo para o lazer e para a família.
Ascom – Na página 59, no capítulo Gestão pessoal, gestão vital, o senhor diz que "a maior parte das pessoas no mundo do trabalho executivo está cuidando do urgente e não do importante". Como reverter isso?
Mário Cortella – O dia-a-dia não cria tempo para o importante. E o importante é o que dá sentido à nossa existência. Temos o essencial e o fundamental. Essencial é tudo aquilo que você não pode deixar de ter: felicidade, amorosidade, amizade, sexualidade, religiosidade. E o fundamental é o que nos ajuda a chegar ao essencial. Dinheiro não é essencial, é fundamental. Sem ele, haverá dificuldade. Mas ele, em si, não é essencial. O trabalho é fundamental, ele permite atingir a amizade, a solidariedade, a felicidade, tudo o que é essencial.
Texto: Flávio Novaes / Fotos: Raul Jr.