Como forma de celebrar o Novembro Negro, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) traz o Projeto “Luiz Gama: CIDIS nas Escolas” para dentro do TJBA. Esta última etapa reuniu, na sede do Tribunal, nesta quinta-feira (14), os alunos da rede municipal e estadual que haviam recebido a passagem do projeto anteriormente.
O projeto realizado pela Comissão Permanente de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (CIDIS) visitou, desde setembro, escolas municipais e estaduais fazendo palestras sobre a história de Luiz Gama (Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil) e sobre o letramento racial.
Na programação desta última etapa, os alunos puderam ouvir as palavras do Desembargador Lidivaldo Reaiche, Presidente da CIDIS; da Juíza Titular da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Salvador e integrante da CIDIS, Andremara dos Santos; e do Juiz de Nova Viçosa, Guilherme Camilo, no tocante à importância de uma atitude antirracista. Para o Desembargador Lidivaldo Reaiche, “o projeto tem alcançado o seu objetivo de levar a história de Luiz Gama aos jovens das escolas da rede pública. E a ideia é fazer com que essa história esquecida e apagada seja revisitada e que eles extraiam lições de superação”.
Os alunos assistiram a um vídeo com a declamação de um cordel sobre a história de Luiz Gama, feita pelos alunos da Escola Municipal de Itacaranha Manoel Faustino, bem como a uma peça de teatro roteirizada e atuada pelos alunos da Escola Municipal São Domingos Sávio, na qual simularam um júri do processo capitaneado por Luiz Gama para a libertação de mais de 200 negros escravizados.
Para a Diretora da Escola São Domingos Sávio – Sandra Pereira –, “a partir desse projeto, conseguimos parcerias importantes com o TJBA e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Então, nossos alunos, agora, querem ser juízes, desembargadores e alunos da UFBA. E Luiz Gama sai dos livros e se torna uma memória viva como exemplo para cada um”.
Além das escolas citadas, participaram alunos da Escola Municipal Teodoro Sampaio; da Escola Municipal Maria Amália Paiva; da Escola Municipal Makota Valdina; da Escola Municipal Zulmira Torres; da Escola Municipal Cidade de Jequié; da Escola Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce; e do Colégio Estadual de Tempo Integral Martinho Salles Brasil (do Município de São Francisco do Conde, no recôncavo baiano). Para Manoela Lopes – Coordenadora Pedagógica da Regional Orla –, “é motivo de orgulho poder oportunizar os alunos tanto do diurno e dos jovens e adultos a experimentarem outros espaços, acessarem outras camadas”.
Os jovens, ainda, assistiram ao filme “Doutor Gama” (2021), filme biográfico sobre a vida do escritor, advogado, jornalista e abolicionista Luiz Gama, uma das figuras mais relevantes da história brasileira. Após a exibição, tiveram um debate sobre o filme mediado por Anailton dos Anjos, Superintendente de Direitos Humanos em São Francisco do Conde. Para José Santos (estudante da Escola São Domingos Sávio), a experiência “foi uma sensação incrível, é só isso que eu consigo dizer. O Tribunal é lindo e tudo aqui é maravilhoso. Eu conheci Luiz Gama a partir do projeto e a história dele é inspiradora”.
Luiz Gama
Luiz Gama foi um advogado, abolicionista, orador, jornalista e escritor brasileiro. É o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi feito escravo, aos 10 anos, pelo próprio pai e permaneceu analfabeto até os 17. Conquistou, judicialmente, a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos escravizados, sendo autor consagrado, já aos 29 anos, e considerado “o maior abolicionista do Brasil”.
Prêmio Luiz Gama
O Prêmio Luiz Gama reconhece cidadãos e organizações públicas ou privadas que prestam relevantes serviços à sociedade, em defesa dos Direitos Humanos. A premiação foi instituída pelo TJBA, por meio do Decreto Judiciário nº 889. No dia 23 de outubro, a Mesa Diretora do Judiciário baiano, que tem à frente a Presidente Desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, escolheu, por unanimidade, entre os 25 indicados, a Sociedade Protetora dos Desvalidos como a instituição ganhadora do Prêmio Luiz Gama TJBA.
A escolha se deu em razão da representatividade dessa instituição que possui 192 anos de atuação. Simboliza uma oportunidade histórica de reconhecer a relevância dos serviços prestados pela SPD que, há cerca de dois séculos de atividade, possui os mesmos ideais para o povo negro pelos quais Luiz Gama lutou. Enquanto a Sociedade Protetora dos Desvalidos atuava, há décadas, em Salvador, com a criação de redes de proteção e dignidade para a população negra; Luiz Gama empenhava-se em libertar pessoas escravizadas em São Paulo.
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Descrição da imagem: pessoas ao redor de uma mesa. Todas paradas, olhando para uma câmera fotográfica [fim da descrição].
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